sábado, 31 de agosto de 2013

Crônicas do dia a dia

                           Nunca mais vou beber na minha vida

  Nunca mais vou beber na minha vida é a cantilena repetida por todos os bêbados, que logo apos uma daquelas bebedeiras monumentais padece largado  numa cama todo nauseabundo maldizendo o bendito goró do dia anterior. ''Minha cabeça vai explodir'', completa o lenga lenga. Nove entre dez ébrios ''ressaquiados'' produzem a tal afirmação, o decimo infeliz já nem sente mais os efeitos da bebida, por esse motivo ele não deveria nem entrar na contagem e seria até bom, pois ele acabaria nos poupando do seu papo furado.
  Nós ébrios contumazes, e eu também me incluo nessa por beber umas cervejinhas vez ou outra, mais vezes do que outras é verdade, as vezes me pego soltando o tal do ''nunca mais vou beber na minha vida'', isso se eu estiver de ressaca é claro, caso contrario a vida segue e os gorós também. Uma coisa deve ser dita nos ébrios não suportamos as terríveis ressacas em vão, há um motivo logico para tal fato, afinal de contas como estaria agora produzindo esta crônica sem esse nosso velho parceiro de criatividade e vou mais longe, como é que grandes escritores, grandes pintores e músicos geniais teriam dado vazão a tão belas demostrações de sensibilidade sem o nosso companheiro, o velho álcool?!

  Eu penso que o melhor mesmo é continuarmos repetindo o mesmo blá blá blá de sempre: ''nunca mais vou beber na minha vida'' e continuar produzindo nossa boa e velha cultura assim como o velho Bukowski sempre fez, afinal de contas uma ressacazinha nunca matou ninguém mesmo!   
                                 
                                      Cartola e o álcool

                                     

                                      

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Juan Ramón Jimenéz

  • Juan Ramón Jiménez

  • Juan Ramón Jiménez Mantecón foi um poeta espanhol. Por sua oposição ao regime franquista foi obrigado a exilar-se nos EUA, no ano de 1936. Recebeu o Nobel de Literatura de 1956.


  • Solidão                                                                                                                       Estás todo em ti, mar, e, todavia, 
    como sem ti estás, que solitário, 
    que distante, sempre, de ti mesmo! 

    Aberto em mil feridas, cada instante, 
    qual minha fronte, 
    tuas ondas, como os meus pensamentos, 
    vão e vêm, vão e vêm, 
    beijando-se, afastando-se, 
    num eterno conhecer-se, 
    mar, e desconhecer-se. 

    És tu e não o sabes, 
    pulsa-te o coração e não o sente... 
    Que plenitude de solidão, mar solitário! 

    Juan Ramón Jiménez, in "Diario de Un Poeta Reciencasado" 
    Tradução de José Bento

    Tema(s): Mar  Solidão 

    Juan Ramón Jiménez

    Consciência PlenaLevas-me, consciência plena, desejante deus, 
    por todo o mundo. 
                                                                Neste mar terceiro, 
    quase oiço tua voz; tua voz do vento 
    ocupante total do movimento; 
    das cores, das luzes 
    eternas e marinhas. 

    Tua voz de fogo branco 
    na totalidade da água, do barco, do céu, 
    traçando as rotas com prazer, 
    gravando-me com fúlgido minha órbita segura 
    de corpo negro 
    com o diamante lúcido em seu dentro. 

    Juan Ramón Jiménez, in "Dios Deseado y Deseante" 

    Tradução de José Bento

    Tema(s): Consciência 



  • Poema Juan Ramón Jiménez

    A Cor da Tua AlmaEnquanto eu te beijo, o seu rumor 
    nos dá a árvore, que se agita ao sol de ouro 
    que o sol lhe dá ao fugir, fugaz tesouro 
    da árvore que é a árvore de meu amor.    

    Não é fulgor, não é ardor, não é primor 
    o que me dá de ti o que te adoro, 
    com a luz que se afasta; é o ouro, o ouro, 
    é o ouro feito sombra: a tua cor. 

    A cor de tua alma; pois teus olhos 
    vão-se tornando nela, e à medida 
    que o sol troca por seus rubros seus ouros, 
    e tu te fazes pálida e fundida, 
    sai o ouro feito tu de teus dois olhos 
    que me são paz, fé, sol: a minha vida! 

    Juan Ramón Jiménez, in "Ríos que se Van" 
    Tradução de José Bento

    Tema(s): Alma  Amor 

    quinta-feira, 29 de agosto de 2013

    O REVOLUCIONÁRIO BEBE COCA-COLA

    Logo apos as manifestações populares que sacudiram o pais, nos meses de junho e julho os noticiários foram tomados por ações de jovens que se auto denominavam anarquistas e seriam seguidores de um sub grupo intitulado ''Black Bloc''.
    O tal ''Black Bloc'' que é oriundo de países europeus, possuem por tradição as vestimentas pretas e a  cabeça sempre coberta por capuzes. O anarquismo e o anticapitalismo são pregados pelos mesmos, e sua presença em grandes manifestações é frequente. O ''Black Bloc'' tupiniquim ou classe média é mais um produto midiático do que propriamente um movimento ideológico. Um produto daqueles que sempre surgem a partir do momento que lhes é dada evidencia. O fato é que durante as manifestações de rua que marcaram todo o mês de junho e julho pelo Brasil afora la estavam nas mesmas barricadas, o povo fazendo suas reivindicações justas e democráticas e inúmeros vândalos, até então sem nenhuma ligação com este ou aquele movimento anarquista, porém a partir do momento que a grande mídia passou a dar evidência à atos de vandalismo de grupos isolados a mesma acabou por alimentar a existência de um suposto grupelho, agora já denominado de ''Black Bloc''. As manifestações onde esses se fazem presentes acabam por se transformar em verdadeiros campos de batalha.
    O povo agora excluído das manifestações assiste perplexo as ações de vândalos supostamente anarquistas. Esses mesmos supostos anarquistas, classe média não reivindicam, não cobram, apenas destroem e zombam do Estado e este mesmo Estado que em razão de sua conivência com atos de vandalismo desses grupos, por não possuir uma legislação penal rígida e, somados a isso, uma propaganda midiática maciça e até mesmo apoio explícito por parte de instituições como a OAB, recebe agora em troca a fúria e a destruição por parte desses grupos. Invasões de casa legislativas, destruição de agências bancarias, perseguições a governos democraticamente eleitos e destruição de propriedades privadas fogem à democracia e extrapolam o estado democrático de direito. A grande mídia, agora também alvo da ira dos vândalos, critica ferozmente o Estado, representado no enfrentamento a esses grupos pela policia militar, a policia é taxada de despreparada e violenta, denunciam-se policiais que estão ali cumprindo apenas sua  obrigação constitucional e que são violentamente atacados por gangues de jovens bem nutridos, todos de classe média e com seus estudos custeados pelo contribuinte.
    A musa black bloc já foi eleita e cada vez mais as fileiras desse grupelho são engrossadas por jovens, mas não são jovens isentos de perspectiva ou marginalizados pela sociedade, muito pelo contrario são sim jovens todos eles, porém a grande maioria frequentadores de universidades públicas ou possuidores de bolsas de estudo custeadas pelo governo federal, através dos  nossos impostos.
    Manifestações populares são necessárias e fazem parte do jogo democrático, democracia que está sendo severamente ameaçada por bandos delinquentes. Quando o extremismo é insuflado, em sua oposição certamente acorrera também o extremismo, o revolucionário continuara bebendo sua Coca Cola, enquanto o caos esta sendo instalado e o Estado sendo acossado, mesmo que este garanta aos seus destruidores educação superior publica e gratuita e só receba ira e destruição em troca. Neste momento se faz urgente repensar a forma como esses grupos devem ser tratados. O estado democrático de direito aguarda.


                        Vândalos destroem agência bancária e ficam impedidos de sacar a mesada.

    sábado, 17 de agosto de 2013

    CRÔNICAS DO DIA A DIA

    Um corpo estendido no chão 


        Horário de pico, ônibus lotado, sentido rodoviária. Um dia comum como tantos outros, não fosse um acontecimento já tão freqüente, um atropelamento. Talvez a freqüência tenha motivado tais reações que narrarei adiante. 
    Estava lá estendido no chão, jazia moribundo, o corpo, um homem qualquer. Pai, talvez. Marido, quem sabe. Um filho de alguém, com certeza.
    O corpo, agora sem vida, foi atropelado. Especula-se que tentou sem sucesso atravessar uma avenida, que àquele horário nem o mais rápido dos velocistas conseguiria. O busão em marcha lenta encarava o engarrafamento. Ambulâncias, carros de policia e lá estava o corpo estendido no chão. Já era tarde, morreu. Lentamente, o busão como que num cortejo fúnebre emparelha com o defunto. Estico o pescoço para melhor visualiza-lo. O senhor bigodudo ao lado num misto de sinceridade e desprezo, diz :
     - Bateu as botas.
    Assim, simples como se a única certeza que temos nessa vida, que é a de que vamos morrer um dia se, resumisse ao ato banal de um bater de botas. A senhora gorda mais a frente olha de relance e diz que tem medo de defunto, vira o rosto, faz o sinal da cruz, beija as mãos e as ergue aos céus. O adolescente espinhento resmunga:
    - Esse ai já era, mano!
    - É mesmo! - repete outro. 
    E a marcha fúnebre segue seu caminho, o corpo ficou para traz. Agora as conversas seguem seu rumo banal, o medo, a indiferença,  a curiosidade e a troça dão lugar à rodada do futebol, ao capitulo da novela e àquela gostosona do reality. A vida segue, o corpo fica, lá, estirado no chão, afinal de contas somos humanos, demasiado humanos, assim na vida como na morte.

    CRÔNICAS DO DIA A DIA

    O gato no telhado         
                            

           Hoje de manhã olhei pela janela e vi um gato cagando no telhado, parei de mastigar meu pão e tomei, um vigoroso gole de café. Uma sensação estranha me tomou e pensei, como os gatos são felizes.
           O ato banal e corriqueiro de um animal defecado no telhado do vizinho para muitos soaria engraçado ou nojento, para mim misteriosamente não, pelo contrario me levou a uma reflexão que a muito tempo eu não fazia, mas não era uma daquelas reflexões que a pessoa faz quando vai ao psicólogo  e muito menos aquelas divagações que te levam aos primórdios da infância, onde você se vê como criança que foi reprimida e se transformou em um maluco, nada disso. Eu pensei, com um arroubo de filosofo que os gatos alem de serem livres  não são como nós humanos que nos preocupamos com tudo: o que vestir, o que comer, como comer, quem comer, trabalhar, consumir, enfim viver supostamente livre, mas livres mesmos são os gatos. Os gatos podem subir num telhado qualquer e cagar tranquilamente, fazem sexo também nos telhados sem o menor pudor. Apesar de ser algo extremamente barulhento eu acredito que deve ser bom.
         Nessas horas você pensa:'' eu queria ser Bukowski e viver como um gato, poder fazer o que bem eu entendesse, defecar no telhado e fazer sexo também e quem sabe lamber o rabo o dia inteiro, não ter preocupações com trabalho, enfim viver como um gato qualquer, livre, leve e solto ou mesmo como o próprio Bukowski maluco, tomando meus gorós e lendo meus livros''.

        Eu já ia tirar minha roupa e subir no telhado para dar uma cagadinha feito um animal  quando ouvi um gato berrando feito um louco, o desgraçado passou pelo meu telhado feito uma bala gritando e se contorcendo de dor todo molhado, ai ouvi o vizinho gritando,'' passa gato safado toma água quente no lombo''. Rapidamente vesti minha roupa e pensei:'' a liberdade as vezes é perigosa''. Ai resolvi voltar pra minha vidinha de humano supostamente livre.       

    quinta-feira, 15 de agosto de 2013

    O que é Ceticismo?

    Quando ouvimos alguém se definir como cético, logo nos vem a mente aquela dúvida: Que pitombas é ceticismo? É não acreditar em Deus!? Não acreditar no diabo!? Em fantasmas, santos, políticos, estória da carochinha ou no bicho papão em baixo da cama.
    Ceticismo, na realidade, é uma doutrina filosófica bastante influente e não tem absolutamente nada a ver com ateísmo, apartidarismos, etc. O ceticismo fundamenta-se na ideia de que o homem, este ser insignificante que se auto-intitula racional e se considera superior aos demais, não possui nenhuma capacidade para atingir ou encontrar a certeza sobre uma verdade ou conhecimento, daí a refutação de que existem verdades absolutas.
    O cético combate qualquer tipo de dogmatismo. O que é esse tal de dogmatismo? Dogmatismo, para ser objetivo, é a tendência na qual o indivíduo afirma ou crer em alguma coisa e a torna uma verdade indiscutível. O dogma é algo apresentado como verdade e não comprovado cientificamente, é uma paixão cega. 
    O pensamento dogmático está muito presente na vida de nós seres humanos, temos a necessidade de crer em algo, independente deste algo existir ou não. Temos que ter fé: na religião, na política e nos movimentos sociais. Não pretendo me alongar na questão do dogmatismo, pois é um campo muito extenso. Minha intenção é apenas apresentá-lo como sistema antagônico ao ceticismo. O cético não pode e não deve ser confundido com um descrente, o descrente é a pessoa que não crer em algo, já o cético é a pessoa que duvida e questiona o que lhe é mostrado como verdade definitiva, sem que haja para isso uma comprovação cientifica.
    Um indivíduo cético se mune do pensamento crítico para refutar ideias pré-concebidas e se baseia no método cientifico como meio para se comprovar teorias. Podemos dizer que o cético está intimamente ligado ao empirismo e busca se afastar das paixões e ideologias difundidas pelo pensamento reinante em nossa sociedade.
    O cético não é o dono da verdade, mas é a pessoa que busca tentar comprovar esta verdade e não se entrega ao colo quente e macio das paixões cegas. Busquem a verdade além de tudo, não se deixem influenciar por paixões e sim por sentimentos.

    domingo, 11 de agosto de 2013

    A ONDA (1981)



    Este é o filme original "A onda/'' de 1981. Não tem todo o apelo visual da sua versão de 2008, porém é muito mais impactante pois mostra especificamente a relação entre dominação da personalidade das pessoas, contextualizando o que aconteceu na Alemanha nazista de Hitler.
    Filme originalmente produzido em 1981, "A Onda" nunca perde sua atualidade. O filme, apesar de todos os anos do seu lançamento, permanece vivo na mente de quem o assistiu pela primeira vez, como eu. 
    As imagens de campos de concentração nazistas e do ditador Adolf Hitler, até então inéditas para mim, marcaram o imaginário das pessoas e o choque foi instantâneo. A reprodução fidedigna a nível escolar da possibilidade de se moldar a mente das pessoas e leva-las a cometer atrocidades inimagináveis em nome de paixões, fé ou líderes é impressionante.
    Disciplina é poder, força através da comunidade, força através da ação eram repetidas pelo professor Ross e reproduzidas de forma apaixonada por seus alunos, a exemplo do que aconteceu na Alemanha Nazista. A saudação criada pelo professor reproduz fielmente o infame "Heil Hitler" ou Salve Hitler. Os alunos de tão apaixonados pelas ideias do "líder" se transformam em seres guiados por paixão cega. Exemplos infelizmente ainda são bastantes presentes no nosso dia a dia. Assistam ao filme original, depois sua versão de 2008, para complementar, quem quiser contextualizar leiam os seguintes livros: As origens do totalitarismo (Hannah Arendt), O diário de Anne Frank, Ascensão e Queda do terceiro Reich (Ian Kershaw).Assistam também aos filmes: A Lista de Schindler, O Menino do Pijama Listrado, A outra História Americana, O pianista e A queda - As Ultimas Horas de Hitler.

    sábado, 10 de agosto de 2013

    Origem do Título

    Em 14 de fevereiro de 1990, há exatos 23 anos atrás, tendo completado sua missão no espaço, a Nave Voyager 1 recebeu um comando vindo da terra para que a mesma virasse em direção aos planetas e tirasse fotografias do sistema solar. Uma das imagens que retornou à terra, da Voyager, chamou atenção de todos, pois foi possível perceber através do leve tom azulado que se tratava do nosso pequeno planeta Terra, a exatos 6,4 bilhões de kilometros de distância. O planeta Terra foi mostrado como um "Pálido Ponto Azul" na imagem fotográfica.



    Essa fotografia acabou servindo como inspiração para o grande cientista e astrônomo americano Carl Sagan escrever o livro Pálido Ponto Azul, de 1994. Carl Sagan, falecido em 1996, dedicou sua vida a pesquisa e a divulgação cientifica. Publicou mais de 20 livros de ciência e ficção cientifica, grande defensor do CETICISMO e do método cientifico. 
    A minha intenção com esse blog é divulgar assuntos de interesse geral: política, literatura, música, cinema e atualidades. O Pálido Ponto Azul do título além de ser nome de livro do renomado astrônomo Carl Sagan, nos remete a nossa velha argumentação: "Quem somos?" "De onde viemos?" "Para onde vamos?", e a nossa fragilidade perante a dimensão em que estamos inseridos.
    Longe de mim, na minha modesta existência, me propor a responder essas questões. O que eu pretendo é lançar fatos para que as pessoas façam seus questionamentos e busquem alcançar suas próprias conclusões.