domingo, 22 de dezembro de 2013

CRÔNICAS DO DIA A DIA

                   A MORTE DO PAPAI NOEL


  Durante uma época das nossas vidas, mais especificamente na infância, nos meses de novembro e dezembro, em dezembro para ser mais exato, éramos inundados por emoções que nos levavam quase ao êxtase, eram sentimentos que mesclavam alegria, euforia e a expectativa pela chegada do bom velhinho, ou Papai Noel, como é conhecido mundialmente, e consequentemente a entrega dos presentes natalinos, tão sonhados ao longo de todo ano.
  Os meses anteriores eram tão insípidos e comuns até o exato momento em que os primeiros sinais da chegada do natal se faziam perceber, propagandas natalinas na televisão e as primeiras luzes de natal nos apresentavam o espirito natalino. Bons velhinhos falsos entupiam os shopping centers das cidades e cada um tentava ser mais convincente que o outro e todos eram tão fáceis de serem desmascarados com suas barbas artificiais e suas barrigas de travesseiro. Apenas um no nosso imaginário inocente era o verdadeiro, aquele que toda véspera de natal vinha trazer nossos presentes, a bordo de seu imponente trenó, conduzido pelas suas mágicas renas. O encanto era visível e a euforia mal se disfarçava. Era tudo festa. Nem mesmo o real significado do tal natal importava, natal abreviação de natalidade ou nascimento, do cristo no caso. Tudo ficava em segundo plano, no imaginário de nós crianças, o natal era tão somente a data onde o papai noel saia do polo norte para distribuir presentes para todas as crianças do mundo. Apesar de todas as tentativas por parte de alguns adultos de nos fazer desacreditar que papai noel existia, resistíamos bravamente, mal sabíamos que em pouco tempo faríamos parte do grupo dos incrédulos e que em breve iríamos matar o Papai Noel também e tentar convencer os outros que não existia bom velhinho e que tudo não passa de uma data voltada para o comércio.Deixamos de acreditar e tentamos convencer os demais a desacreditarem também. É verdade que nós esquecemos do real significado do natal e que o bom velhinho, como o conhecemos é na realidade apenas uma invenção de uma famosa marca de refrigerantes. É verdade também que ninguém é obrigado a crê em velhinhos gordos, vestidos de vermelho e que saem a noite para distribuir presentes, porém devemos refletir se nós adultos que já matamos o papai noel a muitos anos, temos o direito de matar o sonho das crianças e levá-las a descrença total. Quem um dia matou o bom velhinho que havia na sua infância, fatalmente vive em um mundo menos feliz e com expectativas que nunca se concretizam. Infelizmente não tenho um final adequado para esta crônica. Fica a critério de cada um imaginar o seu final. Deixo apenas essas reticências e um até breve...

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

CRÔNICAS DO DIA A DIA

                                                             UM CIDADÃO


  Alheio ao vai e vem de veículos que rasgam as pistas do eixinho w e do eixão, lá está um cidadão. Seu teto é a copa de uma árvore e seus poucos bens podem ser acomodados dentro de uma caixa de papelão. O cidadão, ao contrário de muitos outros moradores de rua, tira seu sustento do trabalho, vigilância de carros na quadra próxima.
 O cidadão, como muitos tantos cidadãos deste país, acorda e levanta cedo e logo parte para a labuta. Jornada puxada, de 7:00hs á 17:00hs, assoviando e chamando atenção de motoristas. O mesmo organiza o estacionamento, uma vaga aqui outra acolá. O rendimento é parco, como também é parco o rendimento de muitos outros cidadãos país afora. Vinte, trinta, quarenta reais, pouco, mas o suficiente para o almoço e quem sabe um lanche vespertino.
  O cidadão não pode se dar ao luxo de reclamar, o que vem é lucro, barriga cheia é para poucos na sua condição. Já é noite e o cidadão depois de um dia cansativo, prepara seu leito para mais uma noite, o sono dos justos o aguarda, um papelão e uma colcha velha, a frondosa copa de seu abrigo, um imenso ipê rosa não impede que as estrelas lhe venham fazer companhia até o adormecer. O cidadão agora dorme, alheio ao barulho dos carros, caros e velozes, que rasgam as pistas dos eixos. E as pessoas que conduzem os carros, caros e velozes, seguem alheias ao cidadão que dorme sob a copa de uma arvore. Seguem suas vidas e se queixam que é difícil viver em Brasília com seus "parcos" salários de servidores públicos: 3000, 4000 ou 10000 ainda lhes é pouco. E o cidadão apenas dorme, sequer jantou. O cidadão apenas dorme. Mais um dia de labuta se avizinha.

sábado, 9 de novembro de 2013

Era uma vez

  Era uma vez um país de faz de conta,com pessoas que pensam que vivem ,com governantes que fingem que governam e eleitores que fingem que são assistidos em suas reivindicações,um país onde as crianças vão à escola apenas para lanchar e as mesmas crianças já assaltam a mão armada e algumas até matam os pais.Um país ao sul do paraíso e a oeste do inferno,bem abaixo do equador onde como já dizia um ídolo que eu tive não existe pecado.Um país onde a implantação de cotas é programa de governo,há cotas de toda  espécie,cota para universidades públicas e cotas para o serviço público se tudo der certo e os políticos de faz de conta não derem pra trás,afinal cotas são importantes!só nos faltam as cotas para ser enterrado no melhor lugar do cemitério e cota para entrar no paraíso e quem sabe cota para ver quem fica com o colchão velho na cela do presidio,cotas implantem mais cotas;cotas raciais são as melhores principalmente se o país de faz de conta for um dos mais miscigenados deste planetinha azul,eu dou um doce para quem dizer que não é pardo no nosso país de faz de conta.No nosso país de faz de conta as universidades públicas são destinadas aos filhos dos ricos,mas não é em razão de os ricos serem maioria é porque os ricos são ricos e os outros são pobres,as universidades lhes são reservadas para que seus filhinhos bem nutridos,corados e maconheiros possam se refestelar nas orgias de sexo, drogas e grana muita grana.Os ricos tem o poder talvez seja essa a razão pela qual as cotas sociais não existam,esses caras são espertos e possuem aliados la no congresso de faz de conta,para que cotas sociais?para encher as universidades de pobres,que irão usurpar as vagas de seus filhinhos queridos,vai é faltar maconha nas universidades ,é muito maconheiro junto.Muito maconheiro mesmo por que não é só rico que usa drogas,usuário não precisa de cotas para comprar drogas todos são iguais perante a falta de lei e viva FHC ex presidente de pijama para quem drogado é apenas um doente,doente é o escambau,viciado é o motivo pelo qual existe traficante ou seja é o financiador do dito cujo.Viciado deve ser tratado é na borracha,pronto já virei reacionário,e olha que nem precisa transforma-lo em ração pra peixe,basta trata-lo como deve ser tratado como um cúmplice do trafico ou seja um bandido.
  Nosso belo país varonil de faz de conta agora acordou,o gigante acordou,vem pra rua vem,não é por 0,20 centavos,que papo furado de um bando de manifestetas de final de semana,idiotas uteis,movimento passe livre ora bolas ,todos filhos de ricos com seus carangos ultimo modelo e estudantes de universidades públicas só para variar e devem ser maconheiros também,afinal revolucionário é revolucionário o resto é tudo reacionário. Essa canalha intitulada extrema esquerda,direita,centro,lado,nuvem que porcaria é essa? isso nem existe mais ficou lá em 1968.
  No nosso país de faz de conta os jovens que não são filhos de ricos mas estudam nas universidades públicas para não passarem despercebidos copiam a ultima moda lá de cima ,no Hemisfério Norte, os tais Black Blocs anarquistas ou sei lá que diabos de ideologia é essa,ideologia eu quero uma pra viver já dizia o bom burguês Cazuza, pelo menos ele tinha tempo livre para bancar o rebelde,eu muito pelo contrario tenho que trabalhar duro,eu recomendo que alguém dê um trabalho para os jovens do Black Bloc,nas fabricas como seus velhos companheiros anarquistas de antigamente,Bakunin se revira no tumulo,trabalho não é com ele.
  Voltando às universidades públicas,não me canso desse tema é um assunto que não se esgota,nós pobres temos o Prouni já que nossas escolas públicas não nós dão condições para passarmos no vestibular,eu mesmo tentei 5 vezes ai desisti,fui trabalhar pra pagar uma particular,'' c'est la vie'' como diria o pessimista,é a vida merda nenhuma,dane-se me formei,fiz o Enem tirei uma nota boa e entrei no instituto federal,que felicidade,IFB não é UNB mais vá la é um IFB,felicidade, letras espanhol ,''Yo no hablo español'',um semestre apenas,opressão, obrigado a pegar o beco,não é que me expulsaram ou coisa e tal é que o fato de possuir opinião diversa de algumas pessoas é muito perigoso no ensino superior,membros de Black Blocs eram meus colegas ,bem vindo ao ensino superior só nos resta ser de esquerda,feminista,maconheiro,black bloc ou ficar calado,se não o bicho pega.Meu país de faz de conta onde as crianças nadam no esgoto para catar latinhas e doutores te excluem simplesmente por você não pensar como eles.Minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá,e dai quem liga eles querem mesmo é maconha e vandalismo o resto é resto.Meu país de faz de conta onde as pessoas pensam que vivem,alias vivem aos trancos é barrancos como nós,não como os doutores ou Blocs ou filhinhos de ricos maconheiros,trabalhadores e oprimidos uni-vos e avante que o gigante acordou,mas já voltou a se deitar novamente,preguiça ou verminose das duas uma , pode ser também leniência quem sabe.Era uma vez um país de faz de conta que um dia foi tomado de seus verdadeiros donos e nunca mais foi devolvido,não tem princesa encantada muito menos príncipe no cavalo branco,temos uma juventude drogada e violenta que sonha entrar para o PCC e também temos uma outra juventude drogada que sonha ser servidor público com cotas é claro.Por enquanto é só,depois tem mais,''pare de pensar na vida e vai trabalhar na construção civil,na construção civil,na construção civil...''   

domingo, 20 de outubro de 2013

O crepúsculo dos ídolos

 Todo velho um dia já foi um jovem contestador,em maior ou menor grau,mais já foi um jovem que um dia questionava e ate renegava hábitos e costumes dos mais velhos.Os velhos que tratarei nesse texto também já foram jovens contestadores e libertários e por isso mesmo se viram perseguidos e recorreram ao exílio para se preservarem de tal perseguição. Caetano Veloso,Gilberto Gil e Chico Buarque já foram exemplo para mim e para muitos outros jovens deste país, pela coragem e inteligencia com a qual sendo tão jovens enfrentaram a censura num dos períodos mais negros da historia deste país,censura que não se resumia somente à proibição de se expressar de acordo com sua vontade mais que também vinha acompanhada pela perseguição politica,prisão,tortura e em muitos casos o desaparecimento.Digo que eles já foram meus exemplos justamente porque hoje velhos esses gigantes da cultura brasileira juntamente com outros nomes de expressão como Milton Nascimento, o'' Bituca'', pregam justamente o oposto do que um dia foi o principio norteador de suas vidas e era professado em suas letras,musicas e atitudes durante a juventude.
 Renato Russo já dizia que todo adulto tem inveja dos mais jovens,eu acredito e acrescento mais todo adulto velho quer esquecer que um dia já foi jovem e o que era pregado quando jovem não se aplica mais na sua velhice.O tal do ''Procure Saber'' capitaneado pela produtora e ex mulher de Caetano Veloso, Paula Lavigne tentar impedir que dois artigos do código civil sejam questionados na justiça,supostamente para se preservar a privacidade dos biografados, impedindo assim o direito de se publicarem biografias que não necessitem da autorização previa do biografado e de seus herdeiros, na verdade com esse discurso supostamente em prol da privacidade de artistas o que se quer mesmo e instituir a censura previa no Brasil.Não vou nem perder muito tempo tratando da questão Roberto Carlos e sua atitude censora ,o ex rei que recorreu ao judiciário para que sua biografia fosse proibida para que ninguém soubesse o que todos já sabem que ele usa perna mecânica e que aprontou feito um louco na juventude e também do cantor Djavan que a meu ver é um cantor menor de musica ruim.
 O absurdo é saber que uma pessoa que já cantou que é proibido proibir hoje orientado pela ex mulher tentar amordaçar a liberdade de expressão. Atitudes contraditórias parece que fazem parte da personalidade desses meus ex ídolos,até pouco tempo o senhor Caetano defendia o direito de mascarados vândalos permanecerem mascarados exercendo assim o direito a liberdade para praticarem crimes contra o patrimônio publico e privado, sem serem reconhecidos pelas autoridades.
 Chico Buarque filho do grande historiador Sergio Buarque de Hollanda e um dos mais perseguidos pela ditadura se viu obrigado nesse período a inventar um personagem para poder continuar compondo suas musicas e assinando as mesmas,o tal Julinho da Adelaide,hoje no alto de seus sessenta e poucos anos de idade joga no lixo tudo que um dia representou para uma legião de admiradores. Fico me perguntando como estariam hoje meus ídolos que morreram jovens Jim Morrison,Jimi hendrix e Janis Joplin todos libertários que revolucionaram seu tempo e infelizmente viveram muito pouco tempo,como estariam hoje já idosos sera que iriam querer apagar de suas biografias tudo que fizeram quando jovens ou iriam tentar impedir alguém de contar o que os mesmos faziam na juventude.
 Realmente todo velho um dia já foi um jovem,mas existem velhos que já nasceram velhos mesmo,só não sabiam ainda.  

             



             

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Afinal o quê querem os vândalos ?!



 O quê querem os vândalos afinal de contas? é a pergunta que muitos se fazem ultimamente ,a resposta é tão obvia quanto surpreendente , os vândalos não querem nada,não reivindicam nada, não almejam nada,eles apenas professam sua sanha destruidora em nome de uma ideologia caduca e criminosa.Esses vândalos que são o refugo das manifestações democráticas de junho e julho são hoje arregimentados por todo tipo de descontentes profissionais de ocasião,sejam eles de extrema esquerda ou sindicalistas radicais que agora recorrem ao banditismo desses indivíduos para mostragem seu descontentamento com o Estado Democrático de Direito.
 Os vândalos depredam bancos,públicos ou privados,destroem carros e bancas de jornal e investem contra a policia como uma  horda de criminosos sedentos por sangue.O país lamentavelmente segue rumo a um ponto assustadoramente irreversível ,enquanto as autoridades continuarem impassíveis  ante ao que acontece baderna apos baderna e não tomarem medidas rigorosas no sentido de se enfrentar esses marginais mascarados.
 Infelizmente instituições que já foram exemplo em matéria de apoio a democracia e a liberdade como era o caso da OAB hoje estão mais preocupadas em prestar ''apoio'' jurídico aos marginais, até mesmo a mídia que apesar de constantemente estar no centro das queixas dos baderneiros vestidos de preto se prestam mais a relatar supostos abusos de autoridade dos agentes do estado,agentes esses que estão na linha de frente do combate aos vândalos,mas que infelizmente estão sós abandonados a própria sorte e à mercê da grande mídia sedenta por factoides que alimentam a audiência e de milhares de câmeras de celulares que filmam e ate forjam supostas arbitrariedades.Grupelhos que se intitulam mídias alternativas e possuem por ideal criticar severamente a grande mídia pela suposta falta de democracia e imparcialidade,caem na mesma vala comum de seus criticados quando dão enfase apenas à ações dos policiais ,esquecendo-se que os promotores da baderna e da destruição estão do outro lado,o lado que lhes é conveniente.
 O radicalismo no combate aos vândalos cada vez mais parece ser o caminho a seguir para o enfrentamento aos mesmos.O banditismo radical de grupelhos merece uma ação rigorosa,a Democracia e o Estado de Direito devem ser preservados e os criminosos tratados como realmente devem ser ,para que a população ordeira volte a exercer seu direito constitucional de reivindicar e se manifestar e que não tenhamos mais que nos perguntar a cada ato promovido pelos baderneiros,afinal o quê querem os vândalos?!
         
              



domingo, 29 de setembro de 2013

MAIAKÓVSKI


Poeta e dramaturgo, considerado um dos maiores do século XX. Maiakóvski nasceu em 1883, na Geórgia, participou ativamente da revolução de 1917, sendo membro do partido Bolchevique desde os 15 anos, período em que esteve preso por duas vezes, sendo a última por onze meses, período em que o poeta aproveitou para ler todas as obras clássicas.
Maiakóvski ingressa na Escola de Belas Artes em 1910, ligando-se ao movimento futurista e, consequentemente, sendo expulso quatro anos depois. A partir da revolução de 1917 intensifica sua produção literária paralelamente à sua atuação política.
Burocratas do partido comunista, incomodados com a "pouca" atuação política de Maiakóvski e alegando "incompreensão" por parte das massas dos poemas de Maiakóvski o criticam duramente. Maiakóvski nunca aceitou qualquer tipo de imposição ou interferência na sua obra e questionava os que se "vangloriavam do fato de a nossa leitura ser florida como um jardim".
Maiakóvski suicidou-se em 14 de abril de 1930, acossado pela falta de perspectiva para sua poesia, pelos problemas de saúde e relacionamentos amorosos infelizes. Maiakóvski foi um grande que tirou a própria vida.

Um dos mais famosos poemas de Maiakóvski, o poema EU, foi musicado em 1987 pela banda de punk rock paulista Inocentes, fazendo parte do LP Adeus Carne.



EU
Nas calçadas pisadas de minha alma
passadas de loucos estalam
calcâneo de frases ásperas
Onde forcas esganam cidades
e em nós de nuvens coagulam
pescoço de torres oblíquas
só soluçando eu avanço por vias que se encruzilham
à vista de crucifixos polícias


(tradução:  Haroldo de Campos)




sábado, 31 de agosto de 2013

Crônicas do dia a dia

                           Nunca mais vou beber na minha vida

  Nunca mais vou beber na minha vida é a cantilena repetida por todos os bêbados, que logo apos uma daquelas bebedeiras monumentais padece largado  numa cama todo nauseabundo maldizendo o bendito goró do dia anterior. ''Minha cabeça vai explodir'', completa o lenga lenga. Nove entre dez ébrios ''ressaquiados'' produzem a tal afirmação, o decimo infeliz já nem sente mais os efeitos da bebida, por esse motivo ele não deveria nem entrar na contagem e seria até bom, pois ele acabaria nos poupando do seu papo furado.
  Nós ébrios contumazes, e eu também me incluo nessa por beber umas cervejinhas vez ou outra, mais vezes do que outras é verdade, as vezes me pego soltando o tal do ''nunca mais vou beber na minha vida'', isso se eu estiver de ressaca é claro, caso contrario a vida segue e os gorós também. Uma coisa deve ser dita nos ébrios não suportamos as terríveis ressacas em vão, há um motivo logico para tal fato, afinal de contas como estaria agora produzindo esta crônica sem esse nosso velho parceiro de criatividade e vou mais longe, como é que grandes escritores, grandes pintores e músicos geniais teriam dado vazão a tão belas demostrações de sensibilidade sem o nosso companheiro, o velho álcool?!

  Eu penso que o melhor mesmo é continuarmos repetindo o mesmo blá blá blá de sempre: ''nunca mais vou beber na minha vida'' e continuar produzindo nossa boa e velha cultura assim como o velho Bukowski sempre fez, afinal de contas uma ressacazinha nunca matou ninguém mesmo!   
                                 
                                      Cartola e o álcool

                                     

                                      

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Juan Ramón Jimenéz

  • Juan Ramón Jiménez

  • Juan Ramón Jiménez Mantecón foi um poeta espanhol. Por sua oposição ao regime franquista foi obrigado a exilar-se nos EUA, no ano de 1936. Recebeu o Nobel de Literatura de 1956.


  • Solidão                                                                                                                       Estás todo em ti, mar, e, todavia, 
    como sem ti estás, que solitário, 
    que distante, sempre, de ti mesmo! 

    Aberto em mil feridas, cada instante, 
    qual minha fronte, 
    tuas ondas, como os meus pensamentos, 
    vão e vêm, vão e vêm, 
    beijando-se, afastando-se, 
    num eterno conhecer-se, 
    mar, e desconhecer-se. 

    És tu e não o sabes, 
    pulsa-te o coração e não o sente... 
    Que plenitude de solidão, mar solitário! 

    Juan Ramón Jiménez, in "Diario de Un Poeta Reciencasado" 
    Tradução de José Bento

    Tema(s): Mar  Solidão 

    Juan Ramón Jiménez

    Consciência PlenaLevas-me, consciência plena, desejante deus, 
    por todo o mundo. 
                                                                Neste mar terceiro, 
    quase oiço tua voz; tua voz do vento 
    ocupante total do movimento; 
    das cores, das luzes 
    eternas e marinhas. 

    Tua voz de fogo branco 
    na totalidade da água, do barco, do céu, 
    traçando as rotas com prazer, 
    gravando-me com fúlgido minha órbita segura 
    de corpo negro 
    com o diamante lúcido em seu dentro. 

    Juan Ramón Jiménez, in "Dios Deseado y Deseante" 

    Tradução de José Bento

    Tema(s): Consciência 



  • Poema Juan Ramón Jiménez

    A Cor da Tua AlmaEnquanto eu te beijo, o seu rumor 
    nos dá a árvore, que se agita ao sol de ouro 
    que o sol lhe dá ao fugir, fugaz tesouro 
    da árvore que é a árvore de meu amor.    

    Não é fulgor, não é ardor, não é primor 
    o que me dá de ti o que te adoro, 
    com a luz que se afasta; é o ouro, o ouro, 
    é o ouro feito sombra: a tua cor. 

    A cor de tua alma; pois teus olhos 
    vão-se tornando nela, e à medida 
    que o sol troca por seus rubros seus ouros, 
    e tu te fazes pálida e fundida, 
    sai o ouro feito tu de teus dois olhos 
    que me são paz, fé, sol: a minha vida! 

    Juan Ramón Jiménez, in "Ríos que se Van" 
    Tradução de José Bento

    Tema(s): Alma  Amor 

    quinta-feira, 29 de agosto de 2013

    O REVOLUCIONÁRIO BEBE COCA-COLA

    Logo apos as manifestações populares que sacudiram o pais, nos meses de junho e julho os noticiários foram tomados por ações de jovens que se auto denominavam anarquistas e seriam seguidores de um sub grupo intitulado ''Black Bloc''.
    O tal ''Black Bloc'' que é oriundo de países europeus, possuem por tradição as vestimentas pretas e a  cabeça sempre coberta por capuzes. O anarquismo e o anticapitalismo são pregados pelos mesmos, e sua presença em grandes manifestações é frequente. O ''Black Bloc'' tupiniquim ou classe média é mais um produto midiático do que propriamente um movimento ideológico. Um produto daqueles que sempre surgem a partir do momento que lhes é dada evidencia. O fato é que durante as manifestações de rua que marcaram todo o mês de junho e julho pelo Brasil afora la estavam nas mesmas barricadas, o povo fazendo suas reivindicações justas e democráticas e inúmeros vândalos, até então sem nenhuma ligação com este ou aquele movimento anarquista, porém a partir do momento que a grande mídia passou a dar evidência à atos de vandalismo de grupos isolados a mesma acabou por alimentar a existência de um suposto grupelho, agora já denominado de ''Black Bloc''. As manifestações onde esses se fazem presentes acabam por se transformar em verdadeiros campos de batalha.
    O povo agora excluído das manifestações assiste perplexo as ações de vândalos supostamente anarquistas. Esses mesmos supostos anarquistas, classe média não reivindicam, não cobram, apenas destroem e zombam do Estado e este mesmo Estado que em razão de sua conivência com atos de vandalismo desses grupos, por não possuir uma legislação penal rígida e, somados a isso, uma propaganda midiática maciça e até mesmo apoio explícito por parte de instituições como a OAB, recebe agora em troca a fúria e a destruição por parte desses grupos. Invasões de casa legislativas, destruição de agências bancarias, perseguições a governos democraticamente eleitos e destruição de propriedades privadas fogem à democracia e extrapolam o estado democrático de direito. A grande mídia, agora também alvo da ira dos vândalos, critica ferozmente o Estado, representado no enfrentamento a esses grupos pela policia militar, a policia é taxada de despreparada e violenta, denunciam-se policiais que estão ali cumprindo apenas sua  obrigação constitucional e que são violentamente atacados por gangues de jovens bem nutridos, todos de classe média e com seus estudos custeados pelo contribuinte.
    A musa black bloc já foi eleita e cada vez mais as fileiras desse grupelho são engrossadas por jovens, mas não são jovens isentos de perspectiva ou marginalizados pela sociedade, muito pelo contrario são sim jovens todos eles, porém a grande maioria frequentadores de universidades públicas ou possuidores de bolsas de estudo custeadas pelo governo federal, através dos  nossos impostos.
    Manifestações populares são necessárias e fazem parte do jogo democrático, democracia que está sendo severamente ameaçada por bandos delinquentes. Quando o extremismo é insuflado, em sua oposição certamente acorrera também o extremismo, o revolucionário continuara bebendo sua Coca Cola, enquanto o caos esta sendo instalado e o Estado sendo acossado, mesmo que este garanta aos seus destruidores educação superior publica e gratuita e só receba ira e destruição em troca. Neste momento se faz urgente repensar a forma como esses grupos devem ser tratados. O estado democrático de direito aguarda.


                        Vândalos destroem agência bancária e ficam impedidos de sacar a mesada.

    sábado, 17 de agosto de 2013

    CRÔNICAS DO DIA A DIA

    Um corpo estendido no chão 


        Horário de pico, ônibus lotado, sentido rodoviária. Um dia comum como tantos outros, não fosse um acontecimento já tão freqüente, um atropelamento. Talvez a freqüência tenha motivado tais reações que narrarei adiante. 
    Estava lá estendido no chão, jazia moribundo, o corpo, um homem qualquer. Pai, talvez. Marido, quem sabe. Um filho de alguém, com certeza.
    O corpo, agora sem vida, foi atropelado. Especula-se que tentou sem sucesso atravessar uma avenida, que àquele horário nem o mais rápido dos velocistas conseguiria. O busão em marcha lenta encarava o engarrafamento. Ambulâncias, carros de policia e lá estava o corpo estendido no chão. Já era tarde, morreu. Lentamente, o busão como que num cortejo fúnebre emparelha com o defunto. Estico o pescoço para melhor visualiza-lo. O senhor bigodudo ao lado num misto de sinceridade e desprezo, diz :
     - Bateu as botas.
    Assim, simples como se a única certeza que temos nessa vida, que é a de que vamos morrer um dia se, resumisse ao ato banal de um bater de botas. A senhora gorda mais a frente olha de relance e diz que tem medo de defunto, vira o rosto, faz o sinal da cruz, beija as mãos e as ergue aos céus. O adolescente espinhento resmunga:
    - Esse ai já era, mano!
    - É mesmo! - repete outro. 
    E a marcha fúnebre segue seu caminho, o corpo ficou para traz. Agora as conversas seguem seu rumo banal, o medo, a indiferença,  a curiosidade e a troça dão lugar à rodada do futebol, ao capitulo da novela e àquela gostosona do reality. A vida segue, o corpo fica, lá, estirado no chão, afinal de contas somos humanos, demasiado humanos, assim na vida como na morte.

    CRÔNICAS DO DIA A DIA

    O gato no telhado         
                            

           Hoje de manhã olhei pela janela e vi um gato cagando no telhado, parei de mastigar meu pão e tomei, um vigoroso gole de café. Uma sensação estranha me tomou e pensei, como os gatos são felizes.
           O ato banal e corriqueiro de um animal defecado no telhado do vizinho para muitos soaria engraçado ou nojento, para mim misteriosamente não, pelo contrario me levou a uma reflexão que a muito tempo eu não fazia, mas não era uma daquelas reflexões que a pessoa faz quando vai ao psicólogo  e muito menos aquelas divagações que te levam aos primórdios da infância, onde você se vê como criança que foi reprimida e se transformou em um maluco, nada disso. Eu pensei, com um arroubo de filosofo que os gatos alem de serem livres  não são como nós humanos que nos preocupamos com tudo: o que vestir, o que comer, como comer, quem comer, trabalhar, consumir, enfim viver supostamente livre, mas livres mesmos são os gatos. Os gatos podem subir num telhado qualquer e cagar tranquilamente, fazem sexo também nos telhados sem o menor pudor. Apesar de ser algo extremamente barulhento eu acredito que deve ser bom.
         Nessas horas você pensa:'' eu queria ser Bukowski e viver como um gato, poder fazer o que bem eu entendesse, defecar no telhado e fazer sexo também e quem sabe lamber o rabo o dia inteiro, não ter preocupações com trabalho, enfim viver como um gato qualquer, livre, leve e solto ou mesmo como o próprio Bukowski maluco, tomando meus gorós e lendo meus livros''.

        Eu já ia tirar minha roupa e subir no telhado para dar uma cagadinha feito um animal  quando ouvi um gato berrando feito um louco, o desgraçado passou pelo meu telhado feito uma bala gritando e se contorcendo de dor todo molhado, ai ouvi o vizinho gritando,'' passa gato safado toma água quente no lombo''. Rapidamente vesti minha roupa e pensei:'' a liberdade as vezes é perigosa''. Ai resolvi voltar pra minha vidinha de humano supostamente livre.       

    quinta-feira, 15 de agosto de 2013

    O que é Ceticismo?

    Quando ouvimos alguém se definir como cético, logo nos vem a mente aquela dúvida: Que pitombas é ceticismo? É não acreditar em Deus!? Não acreditar no diabo!? Em fantasmas, santos, políticos, estória da carochinha ou no bicho papão em baixo da cama.
    Ceticismo, na realidade, é uma doutrina filosófica bastante influente e não tem absolutamente nada a ver com ateísmo, apartidarismos, etc. O ceticismo fundamenta-se na ideia de que o homem, este ser insignificante que se auto-intitula racional e se considera superior aos demais, não possui nenhuma capacidade para atingir ou encontrar a certeza sobre uma verdade ou conhecimento, daí a refutação de que existem verdades absolutas.
    O cético combate qualquer tipo de dogmatismo. O que é esse tal de dogmatismo? Dogmatismo, para ser objetivo, é a tendência na qual o indivíduo afirma ou crer em alguma coisa e a torna uma verdade indiscutível. O dogma é algo apresentado como verdade e não comprovado cientificamente, é uma paixão cega. 
    O pensamento dogmático está muito presente na vida de nós seres humanos, temos a necessidade de crer em algo, independente deste algo existir ou não. Temos que ter fé: na religião, na política e nos movimentos sociais. Não pretendo me alongar na questão do dogmatismo, pois é um campo muito extenso. Minha intenção é apenas apresentá-lo como sistema antagônico ao ceticismo. O cético não pode e não deve ser confundido com um descrente, o descrente é a pessoa que não crer em algo, já o cético é a pessoa que duvida e questiona o que lhe é mostrado como verdade definitiva, sem que haja para isso uma comprovação cientifica.
    Um indivíduo cético se mune do pensamento crítico para refutar ideias pré-concebidas e se baseia no método cientifico como meio para se comprovar teorias. Podemos dizer que o cético está intimamente ligado ao empirismo e busca se afastar das paixões e ideologias difundidas pelo pensamento reinante em nossa sociedade.
    O cético não é o dono da verdade, mas é a pessoa que busca tentar comprovar esta verdade e não se entrega ao colo quente e macio das paixões cegas. Busquem a verdade além de tudo, não se deixem influenciar por paixões e sim por sentimentos.

    domingo, 11 de agosto de 2013

    A ONDA (1981)



    Este é o filme original "A onda/'' de 1981. Não tem todo o apelo visual da sua versão de 2008, porém é muito mais impactante pois mostra especificamente a relação entre dominação da personalidade das pessoas, contextualizando o que aconteceu na Alemanha nazista de Hitler.
    Filme originalmente produzido em 1981, "A Onda" nunca perde sua atualidade. O filme, apesar de todos os anos do seu lançamento, permanece vivo na mente de quem o assistiu pela primeira vez, como eu. 
    As imagens de campos de concentração nazistas e do ditador Adolf Hitler, até então inéditas para mim, marcaram o imaginário das pessoas e o choque foi instantâneo. A reprodução fidedigna a nível escolar da possibilidade de se moldar a mente das pessoas e leva-las a cometer atrocidades inimagináveis em nome de paixões, fé ou líderes é impressionante.
    Disciplina é poder, força através da comunidade, força através da ação eram repetidas pelo professor Ross e reproduzidas de forma apaixonada por seus alunos, a exemplo do que aconteceu na Alemanha Nazista. A saudação criada pelo professor reproduz fielmente o infame "Heil Hitler" ou Salve Hitler. Os alunos de tão apaixonados pelas ideias do "líder" se transformam em seres guiados por paixão cega. Exemplos infelizmente ainda são bastantes presentes no nosso dia a dia. Assistam ao filme original, depois sua versão de 2008, para complementar, quem quiser contextualizar leiam os seguintes livros: As origens do totalitarismo (Hannah Arendt), O diário de Anne Frank, Ascensão e Queda do terceiro Reich (Ian Kershaw).Assistam também aos filmes: A Lista de Schindler, O Menino do Pijama Listrado, A outra História Americana, O pianista e A queda - As Ultimas Horas de Hitler.

    sábado, 10 de agosto de 2013

    Origem do Título

    Em 14 de fevereiro de 1990, há exatos 23 anos atrás, tendo completado sua missão no espaço, a Nave Voyager 1 recebeu um comando vindo da terra para que a mesma virasse em direção aos planetas e tirasse fotografias do sistema solar. Uma das imagens que retornou à terra, da Voyager, chamou atenção de todos, pois foi possível perceber através do leve tom azulado que se tratava do nosso pequeno planeta Terra, a exatos 6,4 bilhões de kilometros de distância. O planeta Terra foi mostrado como um "Pálido Ponto Azul" na imagem fotográfica.



    Essa fotografia acabou servindo como inspiração para o grande cientista e astrônomo americano Carl Sagan escrever o livro Pálido Ponto Azul, de 1994. Carl Sagan, falecido em 1996, dedicou sua vida a pesquisa e a divulgação cientifica. Publicou mais de 20 livros de ciência e ficção cientifica, grande defensor do CETICISMO e do método cientifico. 
    A minha intenção com esse blog é divulgar assuntos de interesse geral: política, literatura, música, cinema e atualidades. O Pálido Ponto Azul do título além de ser nome de livro do renomado astrônomo Carl Sagan, nos remete a nossa velha argumentação: "Quem somos?" "De onde viemos?" "Para onde vamos?", e a nossa fragilidade perante a dimensão em que estamos inseridos.
    Longe de mim, na minha modesta existência, me propor a responder essas questões. O que eu pretendo é lançar fatos para que as pessoas façam seus questionamentos e busquem alcançar suas próprias conclusões.